29.7.13

Era um final de tarde de outono, tinha acabado de chegar em casa depois de um dia e tanto no trabalho. Tudo o que desejava era descansar, entretanto, os filhos pediam atenção. O menino já não aguentava mais ficar dentro de casa e ela já não tinha mais como mantê-lo distraído ali . Já havia extinguido todas as possibilidades de diversão interna: filmes da tarde, discovery, disney channel,  facebook, nintendo, etc. Além disso, as meninas também queriam ver televisão,  então resolveu deixá-lo sair, afinal ali no condomínio não havia muitos perigos para se preocupar.
No momento em que ele pôs a bola embaixo dos braços, os pés na rua e começou a chutar no muro da vizinha, novas vozes ali se agruparam.
Saiu, espiou quem eram os garotos que ali estavam e, deu-se por satisfeita por deixar o seu menino brincar com tantos garotos conhecidos.
Um tempo depois as meninas ficaram na garagem, abriram a porta lateral da sala, plugaram o i-phone no aparelho e ligaram uma doida internacional qualquer, não sei se Lady Gaga, Violleta, sei que patinavam de um lado para outro, felizes da vida.
Enquanto isso, tranquilamente, podia organizar a mesa, preparar um delicioso prato e deixar tudo bem bonito para um jantar em família. Isso ela valorizava muito, uma vez que não podiam almoçar todos juntos, ela, o marido e as crianças. Estava pensando nisso quando ouviu um grito:
___ Manhêêêêêêê - gritava a filha do meio, entrando correndo como leão prestes a abater sua presa.
___ O que foi? - perguntou a mãe, sendo puxada para longe do fogão e dos afazeres da cozinha, enquanto a filha gaguejava:
___ O Emer..., o Emer..., ele.., ele... - e não saia, devido a respiração ofegante, afinal correr com pé vestido de patins e o outro sem,  não deve ser tão fácil.
Seguindo a menina e começando a ficar nervosa,apesar de procurar aparentar mais calma do que realmente sentia, chegou na porta e viu uma roda de pessoas em volta do filho, sentiu o coração disparar, as mãos suarem, a garganta secar e, depois de passar a língua nos lábios, perguntou mais uma vez:
___ O que aconteceu?
___ O Emer, foi chutar uma bola... estava embaixo do Ká, e pum meteu a canela lá com tudo, está com um corte enorme.
Sem poder demonstrar a angústia, chegou no portão, encontrou o filho sentado, os amigos em volta jogando água da torneira, e dando o parecer médico, como se fossem grandes entendidos.
___ Tá doendo? - perguntou Claudinho.
___ Vai ter que dar ponto - comentou Serginho.
O acidentado chorava e não conseguia dizer nada. Nessa hora não parecia ter vergonha de chorar na frente dos amigos, a dor parecia ser dilacerante e oposta ao calor que o rastro de sangue que escorria, provavelmente, deixava na perna do rapaz.
A mãe firme, disse para a filha:
___ Entre, pegue uma toalha, minha bolsa e as chaves do carro.
A menina continuava paralisada olhando o corte na perna do irmão, então a mãe a apressou:
___ Anda logo menina.
Em disparada, entrou e pegou tudo o que a mãe havia solicitado, entregou a ela e perguntou, na sua inocência infantil.
___ Mãe vai ficar tudo bem com ele?
Carinhosamente a mãe respondeu:
___ Não se preocupe, querida. Talvez ele leve alguns pontos e nada mais. - respondeu a mãe. E completou:
___ Agora entre, arrume a mesa e se o papai chegar, explique o que aconteceu, que logo estaremos de volta. Vou levá-lo ao hospital.
Encantadora como era, levou a irmã menor pra dentro, arrumou a mesa e deixou tudo pronto.
Assim que o pai chegou, deu falta da esposa e do filho, a filha mais nova atropelando e querendo contar a novidade, desatou a falar rapidamente:
___ Papai... o Emer, jogando futebol, cortou a perna e vai ter que levar ponto.
___ O quê? - ele perguntou - Fale com mais calma. - pontuou.
A pequena respirou e falou:
___ O Emer tava jogando futebol, mas foi pegar a bola embaixo do carro e deu com a canela lá, fez um corte enorme, você nem acredita. Não é mesmo, que ficou sangrando um monte? - falou pra irmã.
___ É pai, foi assim mesmo, então a mamãe o levou até o hospital, mas já devem estar voltando.
Naquele momento as meninas observaram a cara de alívio, seguida de um suspiro:
___ Ufa, ainda bem que sua mãe estava aqui, que não foi comigo. - disse o pai.
___ Como assim? - perguntaram em coro.
___ Ora, eu não teria a tranquilidade e nem  a agilidade de agir como a sua mãe, nos momentos que vocês se machucam ela sempre sabe o que fazer.
Assim que eles chegaram, as novidades na mesa do jantar giraram em torno da quantidade de pontos, se a anestesia tinha doido, essas coisas que crianças se preocupam quando se machucam.
As garotinhas ficaram mais apaixonada ainda pela mãe imaginando se um dia serão como ela.



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